Por que borbulhas?
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A efervescência dos vinhos, característica principal dos espumantes, não foi inventada.
Esse é um processo que ocorre naturalmente, sendo frágil, complexo e difícil de lidar, mas que foi observado e dominado por produtores franceses do século 17.
Como as borbulhas aparecem?
Na primeira fermentação, o mosto das uvas é transformado em vinho. Já na segunda fermentação, que pode acontecer na garrafa (método Champenoise) ou em tanques de aço (método Charmat), o vinho tranquilo é transformado em vinho espumante, ao liberar dióxido de carbono, além de álcool e de outras substâncias que contribuem para o perfil sensorial do vinho. Se quiser entender melhor esse processo, clique aqui.
Como as borbulhas foram descobertas?
A produção dos vinhos da região de Champagne tinha início, originalmente, logo após a colheita. Mas, com o clima frio, a fermentação acabava tendo uma duração muito curta, sobrando certa quantidade de açúcar residual (não fermentado) no vinho. Com a chegada da primavera e os termômetros subindo novamente, o processo de fermentação se reiniciava acidentalmente, mas o gás liberado durante esse processo não podia ser contido pelos cascos tradicionais (ou seja, não havia controle algum sobre o acúmulo desta pressão).
Como elas, as borbulhas, foram controladas?
Perto dos milênios da história do vinho, os espumantes são muito jovens... Estamos falando em pouco mais de 300 anos, mas com muito aprendizado, e muita dedicação. Nesse tempo, foram desenvolvidas, por exemplo, garrafas especiais capazes de conter pressão de até 20 bares (três vezes a pressão no interior da garrafa), assim como arrolhamento específico, com o uso de gaiola de arame que segura a rolha, também de formato diferenciado. Isso, sem falar, no processo de produção em si, que não é mais acidental, sendo realizado com a seleção e cultura de leveduras responsáveis por iniciar a segunda fermentação.
E por que, afinal, essas borbulhas são tão prazerosas?
A efervescência do vinho acelera a percepção de aromas e sabores, pelo cérebro. Normalmente, leva um segundo para que o cérebro aprecie os aromas e sabores normais. Mas, aqueles associados à efervescência, como outras sensações de formigamento, chegam ao cérebro em apenas 1/5 deste tempo. A sensação de prazer é, portanto, praticamente instantânea e ainda mais intensa.
Além disso, a efervescência junta-se à impressão ácida, acentuando-a. Reforça os taninos. Diminui o impacto do álcool, e diminui a doçura do vinho. Assim sendo, influencia diretamente na sensação de equilíbrio que um bom vinho deve proporcionar...
Na realidade, o prazer do vinho espumante começa antes mesmo de percebemos aromas ou sabores. A efervescência estimula os cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.
Será que é por isso que adoramos esses maravilhosos vinhos?
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